As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a segunda-feira em baixa, enquanto as longas avançaram com o mercado ainda bastante sensível ao pacote de medidas fiscais anunciado na semana passada pelo governo Lula, que prevê cortes nas despesas e desoneração do Imposto de Renda.
Desde a semana passada, o mercado vem reagindo a dois estímulos divergentes: o corte de 71,9 bilhões de reais em despesas em dois anos e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha acima de 5 mil reais por mês. Ambas as medidas foram anunciadas dentro do pacote fiscal, mas na sexta-feira os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tentaram desvincular o pacote da proposta de isenção de IR, considerada negativa pelo mercado, frisando que a prioridade este ano é aprovar os cortes de despesas.
Os comentários de Lira e Pacheco tiraram um pouco da pressão sobre a curva na sexta e também nesta segunda-feira, com as taxas de longo prazo mais suscetíveis à questão fiscal, chegando a oscilar em baixa. Também contribuía para a queda das taxas, conforme um operador ouvido pela Reuters, a notícia de que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou o pagamento de emendas parlamentares pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde que verificados alguns critérios de transparência, como a identificação do parlamentar que solicitou a emenda.
Durante a tarde, no entanto, as taxas longas voltaram a subir, com a persistente desconfiança do mercado em relação ao pacote. O recuo da parte curta da curva mostrou um cenário de chances maiores de elevação de 75 pontos-base da Selic este mês, e não de 100 pontos-base. Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central mostrou que a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2024 passou de 4,63% para 4,71% e em 2025 foi de 4,34% para 4,40%.