O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou os juros básicos do Brasil em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (29), conforme sinalizado na reunião de dezembro. Com isto, a taxa Selic vai a 13,25%, melhorando a rentabilidade de títulos atrelados aos juros e dificultando ainda mais, nessa comparação, a situação dos ativos de renda variável.
Este foi apenas o primeiro ajuste do ano. O Copom deve promover pelo menos mais uma alta da mesma magnitude em março, segundo orientação da autarquia. O Comitê deixou em aberto sua decisão para os meses seguintes. Especialistas indicam mudanças na carteira de investimentos para focar no melhor retorno possível diante do atual ciclo de altas.
A renda variável, que tem ações e fundos imobiliários (FIIs), perde atratividade no curto prazo, mas analistas se mostram otimistas ao focar nos preços atuais para investimentos longos. Já os títulos públicos e privados de renda fixa oferecem alta rentabilidade e seletividade é a palavra-chave. “Ações e fundos imobiliários tendem a sofrer com o aumento, mas a gente tem uma visão de que, ao mesmo tempo que a renda fixa oferece bons frutos e boa rentabilidade, também tem coisa muito boa na Bolsa que vai ficar descontada, vai abrir oportunidade e é hora de comprar”, diz Victor Furtado, head de alocação da W1 Capital.
Confira o que os especialistas recomendam em renda fixa, ações, fundos imobiliários e investimentos no exterior após mais uma alta da Selic:
Títulos públicos: O Tesouro Selic vai render ainda mais. A perspectiva de mais elevações dos juros, para além de 15% ao ano, também ajuda o título a ser amplamente recomendado por analistas. Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart, diz que o ativo é “ideal para quem busca segurança e quer aproveitar a alta dos juros para aumentar os retornos”. Os papéis do Tesouro IPCA+, que pagam juro real entre 7,50% e 7,84% ao ano, também são citados como alternativas interessantes. Mas, assim como os prefixados – considerados mais arriscados –, dependem da economia real nos próximos meses.
Crédito privado: Os spreads do crédito privado abriram cerca de 50 pontos-base em dezembro. “Um movimento justificado, já que os fundamentos (das empresas) e o cenário macroeconômico pioraram”, diz Nunes. Para ele, os prêmios maiores valem o investimento em debêntures e outros instrumentos. A preferência é por papéis emitidos por companhias de infraestrutura, que tendem a ter contratos com receita reajustada pela inflação e, portanto, são mais resilientes ao IPCA alto.
Fundos imobiliários: A depreciação das cotas pode gerar boas oportunidades de compra, com foco no longo prazo. Os fundos devem continuar apresentando bons resultados operacionais, refletindo os dividendos distribuídos aos cotistas mensalmente.
Fundos de investimento: Priorizar ativos pós-fixados, como títulos públicos e privados atrelados ao CDI ou à Selic, garante proteção contra a volatilidade. Para quem tem mais apetite a risco, os fundos de crédito com uma proposta de spreads maiores, indexados ao CDI, são indicados.
Exterior: Mesmo com os juros maiores no Brasil, a recomendação dos especialistas de diversificação em dólar se mantém. Investimentos em moeda forte, rendendo 4-5% ao ano, são extremamente interessantes para mitigar riscos específicos do país. Equilibrar a exposição doméstica com ativos globais é uma otimização dos resultados financeiros. Commodities da transição energética, como lítio e cobre, também são opções relevantes e potenciais.