O Banco do Brasil (BBAS3) foi o último dos grandes bancos a divulgar seus resultados e trouxe um lucro em linha com as expectativas, de R$ 9,58 bilhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), além de proventos de R$ 2,73 bilhões. Apesar do dado não surpreender, o caminho para chegar até ele e outras indicações do balanço não agradaram parte dos analistas que acompanham o papel.
As ações BBAS3 tiveram baixa de cerca de 3% dos primeiros aos últimos negócios desta quinta-feira (20), fechando com queda de 2,98%, a R$ 28,00. Em relatório, a XP destacou que, mesmo com um lucro amplamente em linha (e 1% acima do projetado pela casa) e mantido um ROE (Retorno sobre o Patrimônio) robusto de 21%, a qualidade dos ativos levantou preocupações.
Pelo segundo trimestre consecutivo, a PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) ficou abaixo da formação do NPL (ou NPL formation, a variação do saldo de créditos em atraso), que aumentou devido ao setor Agro, levantando preocupações sobre potencial deterioração dos resultados futuros. Além disso, o BB reduziu o guidance para o crescimento da carteira de crédito, registrou uma queda significativa nos índices de capital e abriu espaço para reduzir o payout (pagamento de dividendo em relação ao lucro) para um intervalo entre 40% e 45% (anteriormente 45%).
No geral, foi um trimestre com resultados mistos que levaram a um resultado final em linha com as expectativas, aponta o BBA. Considerando o trimestre misto, orientação modesta e ajuste de pagamento, o BBA manteve recomendação equivalente à neutra (marketperform, desempenho em linha com a média do mercado).
O BB calcula que o lucro líquido ajustado deve ficar entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões em 2025, de R$ 37,9 bilhões em 2024, prevendo margem financeira bruta de R$ 111 bilhões a R$ 115 bilhões (de R$ 103,9 bilhões em 2024) e receitas com prestação de serviços de R$ 34,5 bilhões a R$ 36,5 bilhões (de R$ 35,48 bilhões em 2024).
Para o Itaú BBA, a visão “líquida” sobre o balanço foi negativo, com o caminho para chegar ao lucro tendo seus prós e contras. O crescimento total da carteira de empréstimos foi forte em +6% trimestralmente, assim como a margem financeira, ou NII (+4% na base trimestral). O BBA ressalta que o BB utilizou todas as provisões complementares, aumentou as renegociações e reduziu o índice de cobertura, trazendo uma leve nebulosidade aos resultados.
As despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) surpreenderam de forma positiva, aponta o Itaú BBA, aumentando apenas 1% trimestre a trimestre, embora alguns números anormalmente baixos tenham sido observados. Já as receitas de serviços mostraram um modesto aumento de 1% na base trimestral.
O Morgan Stanley avalia que o Banco do Brasil entregou lucro líquido em linha com o consenso dos analistas de mercado, mas as tendências operacionais foram mistas. O menor índice de cobertura (83% versus 88% anteriormente) e o forte NII de mercado (+7% na base trimestral) ajudaram o banco a atender às expectativas. No nível operacional, no lado positivo, o crescimento do empréstimo, despesas e inadimplência continuaram a se manter bem. No lado negativo, o NII do cliente, taxas, recuperação de crédito e inadimplência do agronegócio tiveram desempenho pior do que o esperado. Por fim, a orientação para 2025 veio em linha com o consenso do mercado. O Morgan tem recomendação equivalente à compra (overweight, exposição acima da média do mercado) para o BB.