Apesar do desempenho negativo da ação da Lojas Renner (LREN3) no ano, com queda aproximada de 16% nos últimos 12 meses, o banco vê uma relação risco-retorno favorável e reitera recomendação ‘overweight’ (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para a varejista.
Acompanhando a visão do JPMorgan, que cortou o preço-alvo da varejista para R$ 15, mas seguiu com recomendação equivalente à compra, o Morgan reduziu o preço-alvo para a ação da Renner de R$ 22 para R$ 17, ainda implicando em um potencial de valorização de 52%.
O recuo das ações ocorreu após os resultados do 4T24, com vendas 1% abaixo das expectativas e margem bruta 90 pontos-base (bps) abaixo. Além disso, as despesas com participação nos lucros e baixas contábeis pesaram sobre o lucro líquido e geraram questões sobre a governança corporativa.
A administração reconheceu um desempenho abaixo das metas internas de crescimento de vendas, mas manteve um tom construtivo em relação ao desempenho da temporada de fim de ano.
Diante do impacto dos resultados no trimestre passado, o Morgan reduziu a projeção de receita em 2% e 6% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 2025, e 7% para 2026. Já o lucro por ação (EPS) foi revisado para baixo em 4% para 2025 e -5% para 2026.
Mesmo com essas revisões negativas, a ação da Lojas Renner negocia a apenas 8,0 vezes Preço/Lucro para 2025 e 7,1 vezes para 2026, bem abaixo da média histórica de 20 vezes. Esse múltiplo está alinhado com a média de 8 vezes para o setor de vestuário e lojas de departamento na América Latina, mas o banco acredita que o histórico sólido da Renner e seu balanço líquido positivo justificam um prêmio.
A administração da Renner não vê sinais de desaceleração no consumo e espera um crescimento de receita mais equilibrado em 2025, impulsionado por volume, preços e novas lojas. Em 2024, as vendas foram mais baseadas em volume, sem repasse significativo de preços durante a temporada de fim de ano.
Para 2025, segundo relatório, a empresa prevê ajustes de preços alinhados ou ligeiramente abaixo da inflação, além de um crescimento no número de lojas. Com isso, o Morgan projeta um crescimento de receita de 8% na base anual no varejo para 2025, incluindo a abertura de 25 novas lojas (totalizando 475) e crescimento de 6,9% nas vendas em lojas comparáveis.
Apesar das preocupações com o impacto da alta dos juros no consumo, a administração não observou deterioração até o momento. Caso o cenário macroeconômico piore no 2º semestre, o Morgan destaca que a Renner está preparada para se adaptar, contando com um balanço patrimonial líquido positivo e experiência ao longo dos ciclos econômicos para ganhar participação de mercado em cenários adversos.
Nesta semana, o JPMorgan manteve recomendação ‘overweight’, ainda que cortando o preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 15. Para os analistas, 2025 provavelmente começou em um tom melhor do que do fim do ano, com os resultados de curto prazo potencialmente ajudando a diminuir o ruído. Ainda que persistam dúvidas sobre o ritmo de crescimento de médio e longo prazos da empresa, acreditam que a liquidação pós-4T24 foi exagerada, avalia.