O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, advertiu o tenente-coronel Mauro Cid sobre possíveis omissões em sua delação premiada e ameaçou revogar o acordo caso ele não revelasse toda a verdade sobre a trama golpista. A declaração ocorreu em audiência realizada em 21 de novembro de 2024, e o vídeo da sessão foi divulgado nesta quinta-feira (20) por decisão do próprio magistrado.
Na gravação, Moraes afirma que a Polícia Federal (PF) identificou contradições nos depoimentos de Cid sobre o suposto golpe de Estado e o monitoramento ilegal de autoridades, incluindo o próprio ministro do STF. Durante a audiência, Moraes deixou claro que Cid poderia ter a prisão decretada e perder os benefícios do acordo caso continuasse omitindo informações.
Além disso, destacou que a rescisão da delação afetaria sua família, incluindo seu pai, sua esposa e sua filha maior. O ministro também enfatizou que a delação não pode ser usada seletivamente para proteger aliados e incriminar apenas alguns.
Após a advertência, Mauro Cid alterou sua versão dos fatos, reforçando a ligação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares de alto escalão à orquestração de um golpe de Estado. Entre os pontos revistos por Cid, destaca-se um encontro com Bolsonaro na casa do general Braga Netto, em novembro de 2022. Inicialmente descrito como uma reunião informal, o encontro passou a ser apresentado como parte de uma estratégia para fomentar o caos social e justificar uma intervenção militar.
A nova versão do tenente-coronel fortaleceu a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros 33 investigados, apontando que o suposto plano envolvia mobilizações populares e ações clandestinas para tumultuar a transição de governo. Com a inclusão desses novos elementos, o acordo de delação foi mantido, e o depoimento de Cid se tornou uma peça-chave na acusação contra Bolsonaro.